Pensar para crescer: Leonardo Da Vince, Capitalismo e Padrão de Beleza

O “Homem Vitruviano” (1490), de Leonardo Da Vince, obra inspirada nos fazeres do arquiteto romano Vitrúvio, traduz o padrão de beleza ideal para o modelo clássico. O desenho esboçaria as proporções divinas, sendo baseado no número ‘phi’ propagado pelos gregos.  Questões sobre instalar um padrão de beleza a ser seguido não é, portanto, uma marca das sociedades modernas, embora hoje conduza em nível assustador a relação do indivíduo com o seu corpo.

Sendo assim, nota-se que cada cultura define a beleza corporal de acordo com seus elementos sociais. Ao tratar do mundo pós-industrial, o corpo se torna objeto de consumo e templo de espetáculos. Os meios de comunicação ajudam na propagação desse ideal, influenciando pessoas e reproduzindo as regras da indústria ditatorial de beleza.

Quantas marcas não financiam blogueiras famosas para ter seus produtos divulgados?

Vivemos na era da influência, onde o indivíduo é facilmente manipulado. Não é à toa que o setor de beleza tem movimentado bilhões por ano no Brasil. As academias lotadas evidenciam tal questão. A luta para atingir o inalcançável não tem limites. Sim, o padrão de beleza que tanto almejamos é falso.

Isso porque nunca estaremos satisfeitos, pois ele não existe no mundo real. Somos tão influenciados por capas de revistas, modelos famosas, corpos dourados e cheio de curvas, nádegas e seios grandes, peles macias, ausência de estrias, e tantos outros elementos, que esquecemos a quantidade de manipulações que essas imagens sofrem. Ao lado do mercado da perfeição, há o mercado do photoshop. São filtros, retoques, alterações. E não precisa ser profissional para isso.

Já considerou a quantidade de aplicativos para edição de fotos que existe no mercado?

Alguns deles com ferramentas avançadas capazes de “emagrecer” a pessoa sem deixar nenhuma pista.  O problema, porém, acontece quando não conseguimos andar alinhados com tal padrão e somos frequentemente massacrados. Não só por sujeitos externos, mas pela nossa própria mente. Muitas vezes, a vida é colocada em risco na busca do corpo perfeito, como ocorre em situações de transtornos alimentares, uso de anabolizantes e cirurgias ilegais.

Somos todos influenciados. Alguns mais do que outros, claro, mas de alguma forma sua satisfação com seu corpo vai estar ligada com a maneira como o outro te olha e te define. Não foi exagero quando o filósofo Jean Baudrillard se referiu ao corpo no cenário capitalista como “o mais belo, precioso e resplandecente de todos os objetos, ainda mais carregado de conotações que o automóvel”.

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